Ao falar de sexualidade e brincadeira infantil falamos de desejo, frustração, amor, além de aprendizado.
O texto Sexualidade e brincadeira infantil aborda o desenvolvimento infantil e ainda levanta reflexões sobre a sexualidade a partir do “brincar”.
Ao nascer a criança se insere numa família, uma placenta social. É o primeiro grupo social a que ela pertence e onde começa a desenvolver sua individualidade primeiro no aspecto corporal e posteriormente no nível emocional, mental e social, uma matriz de identidade.
Os cuidados da mãe e do pai, além da conversa com a criança e toque entre eles fazem surgir interações; que se repetem e formam padrões; são as brincadeiras que surgem entre essa duplas. É o estar presente no aqui e agora para a criança.
Estas vivências positivas e/ou negativas influirão nos vínculos afetivos que a criança forma da seguinte forma: se são mais próximos ou mais distantes; com uma gama maior de relacionamentos; além disso, com maiores ou menores possibilidades de escolhas pessoais; e ainda vínculos mais ou menos intensos, profundos ou superficiais (positivos ou negativos).
É a mochila emocional que a criança traz de sua família e carrega para as outras relações que estabelece.
Brincar e o aprendizado do amor
É nesta matriz que se desenvolve o brincar; Segundo Humberto Maturana, “brincar é inicialmente, qualquer atividade humana praticada em inocência, realizada no presente, no aqui e agora, e vivida sem propósito ou intenção” pelo desejo de experimentar seu corpo e ações.
Para ele, “o brincar permite: o desenvolvimento saudável da consciência individual e social; a elaboração adequada de suas capacidades emocionais e intelectuais; e em especial da capacidade de amar ”.
Através desse brincar, desenvolve-se o aprendizado do amor que permite a criança aceitar e sentir-se aceita por si e pelo outro numa relação de proximidade. É também através do brincar que a criança vive a frustração, que lhe dá oportunidade de conhecer o limite de suas ações e sentimentos na relação com o outro. Ambos, aprendizados muito importantes para a vida.
O amor, sexualidade e a brincadeira infantil
O desenvolvimento da sexualidade ocorre a partir da brincadeira infantil inicialmente com o conhecimento e sensações do próprio corpo, e posteriormente através da masturbação.
A masturbação infantil faz parte de um processo de auto conhecimento; é uma forma da criança conhecer o próprio corpo e a sensação de prazer que ele pode trazer. É importante não colocar preconceito ou culpa por esta exploração; porém, é necessário contextualizar este aprendizado.
Tanto o amor quanto o brincar abrem espaço para a confiança, aceitação mútua, intimidade, ternura do acolhimento corporal e sensualidade. E não são esses os ingredientes da sexualidade?
Me questiono qual o papel de educadores, psicólogos, pais, diante do cenário atual: enumero abaixo alguns pontos para refletir:
- onde as fronteiras entre o mundo infantil e adulto estão muito porosas;
- o respeito a si e ao outro, está precário ou não existe;
- a confiança, cada vez mais, cede espaço para a dúvida e desconfiança geradas pela rejeição;
- a intimidade é descartável;
- a ternura do acolhimento e a sensualidade são vividas sob forma de erotismo
- e por fim o brincar, o lazer e a música reproduzem este caminho.
Pessimista? Não. Preocupada em construir relações realmente afetivas e em contribuir ao desenvolvimento de uma sexualidade livre de preconceitos, porém plena na intimidade e entrega que ela requer.
Este texto é parte de uma oficina realizada na Associação Brasileira de Brinquedotecas
O Encontro abordou a brincadeira infantil, a sexualidade e as mobilizações que este tema provoca no profissional, especialmente aqueles envolvidos com as crianças na faixa etária de 7 a 10 anos.
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